Rota 2030 - Embrapii - Previsiown

O início da empresa teve seu embrião com o apoio do Sebrae e da Embrapii. A colaboração não envolveu apenas recursos financeiros, mas também recursos humanos. A equipe de desenvolvimento da plataforma já estava na empresa, mas para garantir a segurança da conectividade veicular era necessário contar com o apoio de uma entidade de peso, como o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD). Trata-se de um dos maiores centros de pesquisa e desenvolvimento da América Latina. Com foco na inovação em tecnologias da informação e comunicação, o CPqD mantém um portfólio abrangente de soluções que são utilizadas nos mais diversos segmentos de mercado. Essa parceria trouxe a segurança necessária para trabalhar com uma multinacional como a Peugeot Citroën. 

Já em 2019, também houve a oportunidade de participar junto com a Peugeot Citroën de um seminário no BNDES sobre inovação aberta para a indústria. Esse é um bom exemplo de colaboração bem-sucedida, onde se compartilha boas práticas e se criam as condições para que uma pequena empresa trabalhasse em conjunto com uma multinacional em um setor altamente complexo e tradicionalmente fechado para a inovação. 

A parceria com a Peugeot Citroën surgiu da necessidade de enfrentar os desafios da inovação na indústria, que envolvem a redução de riscos, não apenas financeiros, mas também os riscos inerentes à própria inovação. 

Com a utilização do Rota 2030 a Previsiown teve dois grandes aprendizados:

1. O primeiro aprendizado foi não reinventar a roda. Focar no básico, identificar a dor do cliente e entregar produtos com excelência. Essa foi a base do sucesso inicial. Muitas vezes, é tentador além do necessário, o que pode levar a empresa a perder o foco. A lição é clara: identificar a necessidade real do cliente e concentrar-se nela antes de prosseguir para o próximo passo. 
2. O segundo aprendizado envolveu a gestão de equipe descentralizada. No início, todo o time trabalhava na mesma sala, mas ao começar a desenvolver projetos com a Embrapii, a equipe estava distribuída em Campinas, Goiás, São Paulo e Resende. Gerenciar uma equipe descentralizada foi um desafio que exigiu ajustes culturais e esforço, mas foi uma lição valiosa, pois o desafio foi superado com sucesso. 

A área de atuação da Previsiown está concentrada na coleta e análise dos dados dos sensores já presentes nos automóveis, sem modificar a engenharia de fábrica, integrando tecnologias que agilizam o processo de identificação do comportamento e/ou desempenho do veículo independentemente de ser a combustão, elétrico ou autônomo. 

A empresa utiliza os conceitos de chamada indústria avançada ou indústria 4.0 como pano de fundo para desenvolver o “carro conectado”. Para isso, entrega uma solução que inclui diversas tecnologias: 

• IoT ou Internet das Coisas - Rede de veículos que possuem tecnologia embarcada, sensores e conexão capaz de coletar e transmitir dados para a plataforma Previsiown. 

• Comando de voz - A interação do condutor do veículo com o Previsiown se dá por meio de comandos de voz. Ele pode criar marcos durante o processo de teste e inserir informações relevantes para a equipe na fábrica. 

• BIG DATA - A Previsiown realiza a coleta e análise de um grande conjunto de dados através dos sensores do veículo e do condutor. Os usuários visualizam um dashboard com informações, em tempo real. 

• Machine learning - Os dados, armazenados durante o processo de teste dos veículos, serão utilizados para treinar a inteligência da solução, facilitando a identificação de padrões e falhas no veículo. 

A empresa surge na onda da tecnologia da informação, tem quatro sócios, oito funcionários e equipes terceirizadas que, no total, somam 20 profissionais. 

Cerca de 26 montadoras e/ou indústria de autopeças instaladas no Brasil representam o mercado alvo da empresa, que hoje tem quatro clientes desse setor. Entre eles a Volkswagen, a Eaton, a Stellantis e a Bosch. 

Em 2019, ao iniciar a empresa, foram utilizados recursos do Sebrae para realizar a prova de conceito da tecnologia. Para contextualizar a jornada, o primeiro recurso utilizado foi o da Embrapii, que não fazia parte do programa Rota 2030. Esse recurso tinha como objetivo validar um conceito em parceria com a Peugeot Citroën, que na época ainda era PSA no Brasil, especificamente com os veículos Citroën. 

O futuro da mobilidade conectada não exigirá hardware adicional, uma vez que o próprio carro se tornará o hardware 

A validação inicial do projeto comprovou que a tecnologia atendia às expectativas. O desenvolvimento do produto continuou com recursos próprios. Em 2021, a empresa deparou com o desafio de tornar a tecnologia compatível com os dataloggers de mercado que já existiam. Nesse ponto, entra o Rota 2030, pois o objetivo é adaptar-se à evolução da conectividade em veículos, ficando flexível em relação ao hardware. Acredita-se que o futuro da mobilidade conectada não exigirá hardware adicional, uma vez que o próprio carro se tornará o hardware. 

Essa visão se alinha com o que já se vê em carros autônomos e com a tendência de que a conectividade estará cada vez mais presente nos veículos. Portanto, para atender às demandas do setor de mobilidade e automotivo é essencial que a plataforma seja flexível o suficiente para atender às necessidades das montadoras e dos clientes. No futuro, não se descarta a possibilidade de oferecer a tecnologia como uma solução white label (marca branca), integrada à marca da montadora. 

A chegada do Rota 2030 marca uma virada no modelo de negócios da empresa. Nesse momento, está sendo desenvolvida uma tecnologia que desempenha um papel crucial na identificação e resolução de falhas antes que afetem o consumidor final. Isso não apenas melhora a segurança, mas também fortalece o relacionamento com os clientes e agrega valor à marca. Eventos como garantias e recalls não representam apenas um custo financeiro para as montadoras, mas também afetam a percepção de qualidade da marca. Portanto, o foco sempre foi direcionado para essa abordagem, e o Rota 2030 veio como uma ferramenta adicional para apoiar os objetivos da empresa. 

A partir de uma perspectiva de negócios, em 2019, a Previsiown foi reconhecida em três categorias como uma das startups de maior destaque. E neste ano de 2023, a Previsiown está entre as 10 autotechs mais relevantes do Brasil. A Associação Brasileira de Startups também premiou a empresa como detentora de uma das tecnologias mais promissoras durante seu evento nacional. 

Na primeira edição do BNDES Garagem, a empresa também foi destacada como uma startup promissora. Além disso, participou do Inovativa Ciclo 1, na categoria de inteligência artificial, em 2019. 

Do ponto de vista do marketing, a tecnologia apresentada ao mercado destaca os benefícios para os clientes, como a significativa redução de custos no processo de teste de rodagem. Antes, os carros precisavam ser testados repetidamente para identificar defeitos intermitentes. Com a tecnologia, foi possível mapear esses defeitos de forma mais eficiente, economizando horas de trabalho de engenharia. 

Para ilustrar, no processo tradicional era possível mapear 10 ocorrências para cada teste. No entanto, isso não aumentou a carga de trabalho, pois a tecnologia categoriza esses dados de maneira eficaz, melhorando a qualidade da análise. Isso também permitiu sinergia nas medições, possibilitando que diferentes testes ocorressem simultaneamente, economizando tempo e dinheiro. Mesmo durante a pandemia forma mantidos os testes com uma equipe que visitava as fábricas para coletar dados para os carros. 

Além disso, a empresa inovou ao depositar uma patente relacionada à análise, com a perspectiva de depositar mais patentes relacionadas a esse projeto. E novos produtos estão sendo desenvolvidos, como é o caso da parceria com a Bosch, que traz um produto de telemetria avançada em white label, expandindo assim a presença da Previsiown no mercado.